O Brasil, logo o Brasil, este gigante verde e amarelo com clima tropical, não poderia ficar impune ás armadilhas do reggae, que lentamente, como o próprio ritmo, foi adentrando nos quatro cantos do País, engatinhando no finalzinho dos anos 70, começando a andar nos anos 80 e finalmente correndo leve e solto da década de 90 até os dias de hoje.
A propagação do reggae para além das fronteiras jamaicanas é algo que vai além do compreensível, pois como seria possível um pequeno país da América Central cativar tantos outros povos com sua música, que tinha tudo para fazer parte apenas do seu folclore?
Porém quis o destino que assim fosse, ao colocar na ilha um garoto chamado Robert Nesta Marley, e o resto vocês todos já sabem.
Algumas nações incorporaram elementos reggae em sua música, outras simplesmente como uma espécie de irmão mais novo que anda lado a lado com as musicas e costumes, o que é o caso do Brasil.
A identificação dos brasileiros com o reggae tem uma razão de ser talvez pelas nossas própias raízes, que vêm de uma época de escravidão que nada deixou a dever aos países africanos, ou também pelo canto dos escravos, que muito se assemelha com o reggae, e por fim pela mistura de raças, tendo também o Brasil vários estados litorâneos como a Bahia e o Maranhão, por exemplo, que mito se parecem com a Jamaica.
O reggae no Brasil sempre sofreu uma certa indiferença do poder e da mídia, que o encaravam como mais uma música de favelados, sendo portanto insignificante ao ponto de lhe darem as costas. Mas como diz o ditado: “Nada como um dia após o outro” para vermos estas mesmas pessoas que nunca imaginaram o poder que o reggae tem correrem para pesquisar sobre ele, para não ficarem para pesquisar sobre ele, para não ficarem alheios ao que está acontecendo no Brasil com bandas e cantores proliferando em cada esquina, e já contando com um público cativo, coisa que jamais coisa que jamais imaginaram que iria acontecer.
No final dos anos 70, Caetano Veloso e Gilberto Gil levantaram a primeira bandeira com o símbolo do reggae. Foi no inicio dos anos 80 que começaram a surgir bandas, até certo ponto corajosa na época, pois tocavam o reggae, até então quase que um ilustre desconhecido para a maioria das pessoas. Uma das pioneiras veio de Pernambuco: o Grupo Karetas, que em 1983 lançou o LP “Fogo na Terra”.
Os Paralamas do Sucesso lançaram em 1985 o disco “Cinema Mudo”, usando reggae como base principal, e alcançaram sucesso nacional, e a partir daí vieram “O passo do Lui” e o clássico “Selvagem”, que lhes rendeu um convite para tocarem num festial em Montreaux, cujo show foi documento no LP “D”. Depois de alguns discos sem ispiração, na tentativa de mudarem de estilo, voltam agora com “9 Luas”, reconquistando o espaço.
Usei Paralamas como exemplo por que eles foram peças fundamentais para abrir as portas para os muitos que viriam a seguir, e muitas destas bandas infelizmente ficaram no primeiro disco. Muitas outras, porém, firmaram-se no decorer do tempo, ganhando fama e respeito nacional. A banda carioca Central Africana ficou no lançamento do disco de mesmo nome em 1988, seguida pelos baianos do Terceiro Mundo como o excelente “Marley Vive”. Batalhadores como o “Guitarreiro” Luiz Vagner contribuíram muito para que o reggae se propagasse com os LPs “Ao Vivo” e “Conscientização”.
Outro grande nome que engrandece o reggae brasileiro é Edson Gomes, da Bahia , já cm quatro discos lançados. Maranhão nos deu a competente Tribo de Jah e Fauzy Beydoun, que assim como o Cidade Negra já tocaram no maior festival de reggae do planeta, o “Sunsplash”, na Jamaica.
Mas não paramos por aí. Como podemos ver e sentir, o reggae tem e terá sempre novos representantes neste país, cada vez mais se aprimorando e conseguindo novos adeptos para som dos reis.
A título de ilustração, a seguir relacionamos algumas bandas e cantores já com disco lançado, e para quem quiser conhecer mais a fundo o reggae do Brasil vale a pena tentar conseguir os seus discos.
Bandas: Obina Shock, Walking Lions, Nomad, Omeriah, Akundum, Skank, Etiqueta Social, Conexão Jahmaica, Nadegueto, O Rappa, Sr. Banana, Java, Negril.
Cantores: Eddie Brown, Lumumba, Rãs Bernado, Lazzo, Toaster Eddie, Cacao Gambi, Nabby Clifford.
Como vemos o reggae nacional está muito bem servido.
Fonte: Livro - A Magia do Reggae - Marco Antonio Cardoso
Elsy Myrian gostei muito do seu blog, gostaria de saber se você tem mais material sobre a religião rasta. Estou fazendo uma pesquisa (TCC) sobre o assunto, mais especificamente no estado do Pará. Gostaria de entrar em contato com você. Aguardo sua resposta com um post abaixo.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Alinie Mayra