Entre tantas paixões e amores um continua inabalável desde minha adolescência, quando ouvi pela primeira vez o baixo ao fundo desse ritmo mágico e cadenciado, que é o Reggae em sua essência. Nasci em Belém do Pará, então nada estranho, já que os ritmos que lideram por lá são esses mesmo os caribenhos, africanos e indigenas resultando em uma miscegenação de ritmos, aliás, meu pai adorava merengue, o ritmo, não a guloseima rsrsrs....Eu estava preparada ouvi a voz de Jah e sou fiel a ele desde então, e lá se vão 30 anos acompanhando tudo que se passa no universo Rastafari. Tenho muito orgulho desse meu lado reggaeira, sempre fui conhecida como a filha de Jah ou filha do Rasta, nicks que sempre usei na internet. Em agradecimento a tudo de bom que recebo de Jah resolvi reuni tudo o que a ele se refere em especial dou destaque a Robert Nesta Marley, cujas composições, sua biografia, enfim selou de vez esse pacto de amor que tenho com o Reggae. Quando meus filhos e amigos comungam comigo desse amor incondicional que tenho pela Jamaica, pela África e sua história de dor e preconceito, lágrimas me vêm aos olhos, saber que através de mim, outros estão tendo a oportunidade de conhecer, amar e respeitar os Rastas no sentindo mais amplo da palavra. Jah!!!

Rastafari I yeahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Elsy Myrian Pantoja

Uma Filha de Jah

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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal à Jamaicana

Textos por Leo Vidigal

Como o Natal está chegando, pensei que seria interessante escrever algo sobre a relação entre a festa cristã que celebra o nascimento de Jesus e o reggae. Onde o reggae se originou, na Jamaica, o Natal também é comemorado com uma grande festa, como na maioria dos países onde o cristianismo é a religião predominante. Ruas decoradas e fechadas, troca de presentes, estourar de fogos, cartões de Natal etc, mas existem algumas diferenças significativas em relação aos costumes de outros países. O panetone, por exemplo, é feito com frutas marinadas no vinho. As comidas têm um sabor local, como o pato assado, bode ao curry e o rosbife com ervas, resultado das diversas matrizes culturais que formaram a Jamaica. Mas pratos como o tradicional pernil e o presunto também são comuns, menos entre as famílias rastafari, que comemoram o Natal “ocidental” com menos festividades, e não comem porco (na verdade eles são praticamente vegetarianos). Os rastas comemoram com mais intensidade o Natal etíope, que cai no dia 7 de janeiro, de acordo com o calendário da Igreja Ortodoxa do país africano que é uma referência para eles. Os rastafaris não fazem troca de presentes, à semelhança dos etíopes, mas tocam seus tambores nyabinghi e fazem leituras e discussões teológicas noite adentro.

Uma das diferenças mais marcantes entre as celebrações de Natal da Jamaica (e do Caribe) e as de outros lugares são os desfiles junkunoo, ou John Canoe, composto por uma parada de músicos e dançarinos mascarados, em uma festa que remonta aos tempos da escravidão (ver foto abaixo). Ela acontecia nessa época porque o Natal era uma das poucas ocasiões em que os escravos eram liberados de suas tarefas e podiam realizar uma festa mais elaborada. Segundo os estudiosos das festas populares jamaicanas, ela começou provavelmente como uma recriação das festividades que ocorriam na época da colheita do inhame entre os ashantis de Gana, origem da maior parte da população atual da ilha. Nesse desfile, os dançarinos se movem ao som de tambores quadrados e tocados com duas baquetas, que também são passadas em uma espécie de reco-reco, escavado em um dos lados do tambor. Os músicos tocam diversas batidas, das mais africanizadas até as mais influenciadas pelos bailes que aconteciam para divertir os europeus que dominaram a ilha, onde os ancestrais escravos dos instrumentistas também tocavam, relembrando o tipo de intercâmbio musical que gerou a moderna música jamaicana. Existem diferentes variedades de desfiles junkunoo, que podem ter personagens como reis e rainhas, mas também participantes com máscaras de guerreiros africanos, índios, policiais, animais como cavalos e vacas, espíritos da floresta, entre outros. Eles são considerados como um movimento de resistência da cultura africana na Jamaica, acontecendo com mais freqüência nas áreas rurais. Já no arquipélago das Bahamas o junkanoo é uma das principais festas do ano.

Outra tradição na ilha é o lançamento de diversas versões de canções natalinas nessa época, como “Noite Feliz”, por artistas de várias vertentes da música jamaicana. A maior parte delas sai apenas no formato mais popular: os compactos de 7 polegadas que até hoje são a base da economia fonográfica da ilha caribenha (como, por exemplo, "Santa Claus is coming to town", de General Trees), que têm a vantagem de quase sempre trazer no lado B a versão dub ou instrumental. Muitas vezes são lançados coletâneas dessas versões e alguns álbuns desse tipo podem ser encontrados na rede, muitas vezes produzidos por nomes consagrados. Jacob Miller, por exemplo, teve lançada uma compilação póstuma chamada “Natty Christmas”, enquanto a dupla Sly & Robbie se saiu com “Taxi Christmas” (Taxi é o nome do selo jamaicano dos dois parceiros) e Yellowman com o fraco “A very very yellow Christmas”, todos da gravadora Ras Records. Essa gravadora também lançou coletâneas com artistas conhecidos e outros nem tanto, como “Reggae Christmas” e “Reggae Pulse 4 – Christmas Songs” (o último lançado pela Ras). John Holt, Jackie Edwards, Desmond Dekker, Rupie Edwards, Johnny Clarke e até os Wailers originais já lançaram músicas de Natal.

Não é possível afirmar com certeza a razão de tamanha produção natalina, mas algumas pistas podem ajudar a entender essa tradição jamaicana. Na verdade essa prática teve início nos Estados Unidos, e não se pode ignorar a influência americana sobre a Jamaica (que sempre foi forte, até pela proximidade), mas hoje em dia esse tipo de lançamento já não é tão comum por lá, enquanto continua forte entre os jamaicanos. A religiosidade acentuada do povo da ilha do reggae tembém é um elemento a se considerar, pois boa parte da população freqüenta as igrejas cristãs ou afro-cristãs e o Natal é a festa principal do cristianismo, a mais alegre e popular. Outra razão é mais profana: o sistema de venda em compactos, que favorece o lançamento de faixas temáticas. É mais fácil produzir uma faixa por vez do que material suficiente para produzir um álbum, como acontece aqui no Brasil. Os disquinhos vão sendo lançados e, se venderem bem, saem novas tiragens e novas músicas, é a lei da oferta e da procura. E se há tanta produção, é porque esse tema vende bem. Essa prática de lançar músicas de Natal na Jamaica provavelmente começou com o pioneiro Coxsonne Dodd. Era ele mesmo que, para conseguir sustentar seu negócio, fazia compositores produtivos como os Wailers pararem de gravar suas músicas para trabalhar em versões de Beatles, Bob Dylan, gospels e músicas de Natal, como “White Christmas”. Essa canção em especial, com sua letra sobre o Natal com neve, soa ainda mais deslocada em um país tropical como a Jamaica, mas mesmo assim é uma das mais adaptadas para o reggae. Mais uma prova da influência americana, que de resto é sentida em todo o mundo hoje.

A maior amostra da vasta produção natalina do produtor mais importante da história do reggae (ver matéria sobre Dodd no Massive Reggae) é justamente o ótimo “Reggae Christmas from Studio One”, que saiu pela gravadora Hearbeat, onde artistas ligados ao famoso estúdio de Coxsonne Dodd prestam sua homenagem à data. Ela conta, além dos Wailers (na fase ska do trio, o que torna a faixa “Sound the Trumpet” ainda mais interessante), com boas canções originais de Brent Dowe (ex-vocalista dos Melodians, recém-falecido), Alton Ellis, Johnny Osbourne e versões inspiradas de clássicos como “Jingle Bells”, “Little Drummer Boy”, entre outras. Ainda traz uma faixa do DJ Dillinger chamada “Hi Fashion Christmas” e até mesmo uma versão para o riddim (base instrumental) "Real Rock", chamada apropriadamente de "Real Christmas Rock".

Há quem fique incomodado com esse tipo de lançamento por demais motivado pela ocasião, ainda mais em uma data de cunho religioso, mas, quando não são feitos a toque de caixa, os reggaes de Natal podem integrar dignamente o repertório de qualquer artista jamaicano. Uma prova é a maior compilação já lançada desse tema, a caixa de três CDs Trojan Christmas Box Set, que traz algumas das melhores produções do gênero e pode ser encomendada facilmente pela rede.

Apesar da onda globalizante (ou seria americanizante?), o Natal à Jamaicana tem suas peculiaridades e observá-las nos faz lembrar tanto da riqueza da diversidade cultural mundial (que é sempre dinâmica e viva, mas que também precisa ser preservada), quanto dos valores mais profundos de solidiariedade e espiritualidade, inspirados pelo Natal, que o consumismo vem escamoteando nos últimos tempos.


A todos um ótimo Natal 


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