O desenvolvimento do continente africano depende da participação social, económica e política da mulher, sendo crucial avançar para proteger e fazer avançar os seus direitos em todos os sectores da sociedade. Sem que isso aconteça, afirmaram duas líderes moçambicanas, é impossível conseguir um desenvolvimento socioeconómico eficaz e abrangente de todo o continente.
A conversa decorreu à margem do encontro "Mulheres por um Mundo Melhor", a reunião, que termina hoje em Madrid e onde participaram mais de uma centena de deputadas de vários países africanos, entre eles Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.
Em entrevista à Lusa, Margarida Adamugi Talapa, presidente do Gabinete das Mulheres de Moçambique considerou que nos últimos anos tem havido avanços importantes - com cada vez mais mulheres a aderirem aos processos de desenvolvimento.
Ainda assim, continua a ser necessário "mais esforços para que mais mulheres possam estar integradas neste processo de desenvolvimento".
"Não é possível um desenvolvimento integrado do país sem a participação da maioria da população. A participação e a emancipação da mulher são necessárias para o desenvolvimento socioeconómico do nosso país. Deixando de fora grande parte da população, não poderemos falar do desenvolvimento total e completo do país", afirmou.
No caso moçambicano, frisou, não se trata apenas de "mudar mentalidades dos homens, mas de toda uma sociedade", ainda vincada por tínhamos preconceitos, tradições, culturas e hábitos" que custam a mudar.
"Em Moçambique somos um país com várias tribos, tradições e não é fácil unificar e pôr na mente destas sociedades aquilo que são os novos desafios do desenvolvimento no país. Daí que haja toda a necessidade do governo, os partidos, a sociedade civil terem na sua agenda a prioridade de sensibilizar a sociedade de que é preciso dar lugar a mulher para poder participar", afirmou.
Positivo é já a clara "vontade política" da liderança Governamental, parlamentar e política, tornando-se evidente a participação das mulheres a todos os níveis, inclusive com o destaque de Moçambique ser das poucas nações mundiais com uma mulher como primeiro-ministro.
Também Maria Angelina Dique Enoqe, vice-presidente do Comité de Economia Rural, Agricultura, Recursos Naturais e Ambiente do Parlamento PanAfricano, destaca as melhorias recentes no que é "uma luta constante" para apoiar as mulheres africanas.
Particularmente preocupantes continuam a ser as práticas violentas, como a mutilação genital feminina cujos defensores, insiste, demonstram nos dias de hoje "cobardia" escondida por tradições.
"Hoje tenho a certeza de que não devemos defender isso (mutilação). Porque estamos a violentar a mulher. Uma mulher que aceita isso na humildade de se saber serva da própria sociedade", disse.
"Não podemos permitir que neste momento, em pleno século XXI as mulheres continuem a ser exploradas e violentadas assim", afirmou.
Texto na íntegra pertence ao site http://www.africanidade.com/
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