A coleção Obras Antológicas da Editora Alexandria reúne, em seu mais novo volume, o melhor da produção poética do pernambucano Francisco Solano Trindade, grande defensor e divulgador da cultura negra no Brasil. Poeta, pintor, ator, jornalista, teatrólogo e ativista cultural, Solano construiu sua trajetória falando de amor, liberdade e justiça, conceitos que nortearam sempre sua vida e sua obra. Poemas Antológicos é, portanto, a grande contribuição que o “poeta negro” legou à prosperidade.
Integram a coletânea poemas como Tem gente com fome, musicado pelo grupo Secos e Molhados, que foi proibido pela ditadura militar, e Mulher barriguda, gravado pelo mesmo grupo. Outros poemas como Canto à mulher negra e Uma negra me levou a Deus evocam o amor sensual, despido de preconceitos, reafirmando o talento de Solano também como poeta lírico. Há, ainda, Barca Suzana, Maracatu da boneca de cera, Xangô de Natal na minha terra, entre outros, que permitem entrever o divulgador apaixonado da cultura e da tradição popular.
A importância de Solano Trindade foi devidamente reconhecida por intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, Darcy Ribeiro, Sérgio Millet. Drummond, aliás, fez questão de ressaltar o seu papel de legítimo representante das camadas menos favorecidas: “A leitura de seus versos deu-me confiança no poeta que é capaz de escrever Poema do Homem e o Canto dos Palmares. Há nesses versos uma força natural e uma voz individual, rica e ardente, que se confunde com a voz coletiva”.
A leitura de Poemas Antológicos de Solano Trindade é um convite à reflexão. O autor leva-nos a repensar conceitos como democracia racial e sincretismo religioso. A discussão em torno da adoção de cotas raciais nas universidades é outro fator que mostra a atualidade de sua poesia, sempre aberta ao debate, declaradamente reivindicatórias, mas nunca rancorosa. Com Solano Trindade, O canto de Palmares, em pelo século XXI mostra-se atual nos vários movimentos que o grande porta-voz da negritude brasileira ajudou a consolidar.
Negros
Negros que escravizam
e vendem negros na África
não são meus irmãos
Negros senhores na América
a serviço do capital
não são meus irmãos
Negros opressores
em qualquer parte do mundo
não são meus irmãos
Só os negros oprimidos
escravizados
em luta por liberdade
são meus irmãos
Para estes tenho um poema
grande como o Nilo.
Francisco Solano Trindade
Fotos Google
Texto - http://www.cedine.rj.gov.br/solano_trindade.asp
Agradeço ao Site http://eupassarin.wordpress.com/2010/04/04/solano-trindade-o-poeta-negro/ que através de uma postagem belíssima me fez conhecer essa sumidade da cultura Brasileira, agradeço as fotos também.
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