Entre tantas paixões e amores um continua inabalável desde minha adolescência, quando ouvi pela primeira vez o baixo ao fundo desse ritmo mágico e cadenciado, que é o Reggae em sua essência. Nasci em Belém do Pará, então nada estranho, já que os ritmos que lideram por lá são esses mesmo os caribenhos, africanos e indigenas resultando em uma miscegenação de ritmos, aliás, meu pai adorava merengue, o ritmo, não a guloseima rsrsrs....Eu estava preparada ouvi a voz de Jah e sou fiel a ele desde então, e lá se vão 30 anos acompanhando tudo que se passa no universo Rastafari. Tenho muito orgulho desse meu lado reggaeira, sempre fui conhecida como a filha de Jah ou filha do Rasta, nicks que sempre usei na internet. Em agradecimento a tudo de bom que recebo de Jah resolvi reuni tudo o que a ele se refere em especial dou destaque a Robert Nesta Marley, cujas composições, sua biografia, enfim selou de vez esse pacto de amor que tenho com o Reggae. Quando meus filhos e amigos comungam comigo desse amor incondicional que tenho pela Jamaica, pela África e sua história de dor e preconceito, lágrimas me vêm aos olhos, saber que através de mim, outros estão tendo a oportunidade de conhecer, amar e respeitar os Rastas no sentindo mais amplo da palavra. Jah!!!

Rastafari I yeahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Elsy Myrian Pantoja

Uma Filha de Jah

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sábado, 24 de abril de 2010

O CANTO DOS ESCRAVOS - CLEMENTINA DE JESUS, GERALDO FILME E TIA DOCA


‘O Canto dos Escravos’ está de volta, em CD

O trabalho, original de 1982, reúne Clementina de Jesus, Geraldo Filme e Tia Doca, que interpretam cantigas ancestrais dos negros benguelas, de São João da Chapada, em Diamantina, Minas Gerais .



Um dos títulos mais importantes e corajosos da fonografia brasileira acaba de chegar, 21 anos depois do lançamento em elepê, ao formato digital. Trata-se de O Canto dos Escravos (dentro da série Memória Eldorado), coleção de 14 cantos da série recolhida por Aires da Mata Machado Filho no fim dos anos 20 do século passado, em São João da Chapada, município de Diamantina, Minas Gerais. Interpretando os cantos, Tia Doca, pastora da Velha Guarda da Portela, Geraldo Filme, um dos nomes fundamentais do samba paulistano, e Clementina de Jesus, a rainha negra da voz, como a definiram Moacyr Luz e Aldir Blanc.

O projeto do disco e a coordenação artística são de Aluísio Falcão, colaborador do Caderno 2, e a direção musical e produção ficaram a cargo de Marcus Vinicius de Andrade, hoje diretor artístico da gravadora CPC-Umes.

Marcus Pereira era um publicitário amante da música que criou o selo Ambos trabalharam, antes, no selo Marcus Pereira, que, pioneiramente, levou a cabo um levantamento sonoro da música da cultura popular de diversas regiões do Brasil – trabalho, aliás, que ainda não mereceu relançamento em CD à altura de sua importância. para dar brindes aos seus clientes, nos fins de ano. Aos poucos, abandou a rendosa publicidade, na qual era muito bem-sucedido, e ficou só com a gravadora, que viveu sempre grandes dificuldades financeiras. Problemas de distribuição, comum a todos os selos alternativos, projetos caros, como o citado mapeamento da cultura popular, com deslocamento de equipes e equipamento para praças distantes.

Não tinha preocupação comercial e tinha muita preocupação com a cultura. Os que se juntaram a ele tomaram o exemplo e, posteriormente, em outros selos, deram, de alguma forma, prosseguimento ao seu trabalho, eventualmente, ampliando-lhe o universo. A Eldorado tinha e tem, sim, orientação comercial, mas com extremo cuidado na seleção de seus títulos (Cartola, Nelson Sargento, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa fizeram suas estréias em disco por ela), e sua iniciativa mais ousado terá sido esse O Canto dos Escravos, que há muitos anos estava fora de catálogo e era objeto de disputa entre colecionadores, estudiosos e amantes da cultura brasileira.

O filólogo, filósofo, professor de Filologia Românica da Universidade Federal e da Universidade Católica de Minas Gerais, historiador, jornalista, presidente, durante muito tempo, da Comissão Mineira do Folclore, foi um pioneiro em muitas frentes. Escreveu, nos anos 30, já que sofria de deficiência visual, uma Educação de Cegos no Brasil, e publicava, no jornal O Estado de Minas, uma coluna semanal com lições de ortografia e gramática, além de responder às dúvidas dos leitores.

Carlos Drummond de Andrade escreve-lhe uma homenagem em forma de poema, louvando o “mineiro ladino/ Que captou na fala do povo/ No mistério dos ritos/ no arco-íris das serras/ O ar, a alma de Minas”.

Em férias, em 1929, o filólogo viajou para São João da Chapada, onde lhe chamaram a atenção “umas cantigas em língua africana ouvidas outrora nos serviços de mineração”, conforme descreveu no livro O Negro e o Garimpo em Minas Gerais, obra publicada em 1943 pela editora José Olympio.

Vissungos – Tais cantos são chamados vissungos, palavra que vem do umbundo ovisungo (cantiga, cântico), conforme ensina Nei Lopes em seu Dicionário Banto do Brasil. Já era plano de Aires da Mata Machado recolher os vissungos e reunir o vocabulário e a gramática da língua dos negros benguelas. Teve pouco êxito na primeira investida; na

segunda, ele e seu colaborador Araújo Sobrinho ouviram de um Seu Tameirão 200 palavras e algumas cantigas; adiante, surgiram outros cantadores que sabiam letra, música e tradução.

Mata Machado sustenta a importância dos vissungos, sua influência nos começos daquelearraial e mais “os vestígios da língua das cantigas na linguagem corrente, na onomástica e na toponímia” – os vestígios de um um dialeto banto num tempo em que se pensava que a língua dos negros trazidos como escravos para o Brasil resumia-se ao nagô.

Ele defendia que os estudos da dialetologia brasileira e questões que dissessem respeito à etnografia seriam sempre provisórios se não fosse considerada a importância de Minas Gerais – e o tempo encarregou-se de mostrar seu acerto. O texto de introdução de O Negro e o Garimpo em Minas Gerais vai reproduzido no CD; o autor autorizou essa reprodução e a gravação de 14 dos 65 cantos que recolheu e partiturou. Autorizou, ainda, a reprodução das notas que, no livro, acompanham as letras dos cantos, traduções do dialeto dos benguelas e observações sobre o sentido dos textos. O dialeto, já modificado, incorporava palavras em português e misturava as duas falas: “São João foi no céu, é dévera/ São João foi no céu, é mentira/ Omenhá, omenhá rossequê”, canta a voz ancestral de Clementina de Jesus, nascida em Valença, no Estado do Rio, mas de família que migrou de Minas, no Canto XII. Os cantos não têm títulos, são numerados.

O disco, de uma beleza crua, não tem instrumentos harmônicos. Acompanham os três cantores a percussão de troncos, xequerês, enxadas, cabaças, atabaques, agogôs, ganzás, caxixis e afoxés tocados por Djalma Corrêa, Papete e Don Bira.

Os intérpretes são figuras de sabida importância na divulgação e sustentação da cultura brasileira de origem africana. Geraldo Filme, grande compositor, cantor de vozeirão profundo, foi, na definição de Osvaldinho da Cuíca, o grande articulador, a “cabeça pensante” do samba paulistano. Tia Doca, nascida Jilçaria Cruz Costa, manteve por décadas um pagode dominical que ajudou a manter vivo o samba de raiz carioca; sua participação no disco foi sugerida por Clementina de Jesus, que foi revelada ao mundo aos 64 anos, depois de ouvida, num botequim da Lapa, centro do Rio, por Hermínio Bello de Carvalho.



Paulo Eduardo Neves

Fonte: Agenda do Samba & Choro, o boteco virtual do samba e choro

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