Entre tantas paixões e amores um continua inabalável desde minha adolescência, quando ouvi pela primeira vez o baixo ao fundo desse ritmo mágico e cadenciado, que é o Reggae em sua essência. Nasci em Belém do Pará, então nada estranho, já que os ritmos que lideram por lá são esses mesmo os caribenhos, africanos e indigenas resultando em uma miscegenação de ritmos, aliás, meu pai adorava merengue, o ritmo, não a guloseima rsrsrs....Eu estava preparada ouvi a voz de Jah e sou fiel a ele desde então, e lá se vão 30 anos acompanhando tudo que se passa no universo Rastafari. Tenho muito orgulho desse meu lado reggaeira, sempre fui conhecida como a filha de Jah ou filha do Rasta, nicks que sempre usei na internet. Em agradecimento a tudo de bom que recebo de Jah resolvi reuni tudo o que a ele se refere em especial dou destaque a Robert Nesta Marley, cujas composições, sua biografia, enfim selou de vez esse pacto de amor que tenho com o Reggae. Quando meus filhos e amigos comungam comigo desse amor incondicional que tenho pela Jamaica, pela África e sua história de dor e preconceito, lágrimas me vêm aos olhos, saber que através de mim, outros estão tendo a oportunidade de conhecer, amar e respeitar os Rastas no sentindo mais amplo da palavra. Jah!!!

Rastafari I yeahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Elsy Myrian Pantoja

Uma Filha de Jah

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sábado, 8 de outubro de 2011

Carta (polêmica) de Stephen Davis ao rei do reggae

Carta (polêmica) de Stephen Davis ao rei do reggae

Confira na íntegra a carta escrita por um de seus biógrafos, no momento em que Bob Marley comemoraria 60 anos de vida (2005)
Stephen Davis escreveu a biografia Bob Marley em 1983
Stephen Davis, jornalista musical e grande pesquisador da obra de Bob Marley. Ele também escreveu uma de suas biografias, Bob Marley, lançada em 1983. Na ocasião em que o rei do reggae completaria 60 anos de vida (em 2005), Davis escreveu uma carta imaginária endereçada a Bob.
Cedida pelo jornalista brazuca Gabriel Rocha Gaspar para o Na Mira do Groove, via Marco Virgona, que é editor da Bob Marley Magazine, reproduzo abaixo a carta de Stephen Davis em tradução livre. Ela é polêmica e bem reveladora. Um verdadeiro ataque direto à má condução do legado de Bob Marley, capitaneado quase que majoritariamente pela viúva Rita Marley.
Confira a carta abaixo:
“Querido Bob,
Primeiro, as boas notícias. O Papa morreu.
Vê? Eu sei que isso pode lhe arrancar um sorriso do rosto. Não que você particularmente odeie o papa. Você só não se aprofundou no Catolicismo Romano por causa das ligações históricas da Igreja com escravidão e a Babilônia em geral. Você me disse isso em 1976. (Você não se aprofundou na sodomia também. Você também se referiu ao jornalista [e autor da biografia Catch a Fire] Timothy White como ‘aquele pequeno garoto romano’.)
Também trago mais algumas boas notícias para você, Bob, fora da planície metafísica (Akashic) ou seja lá o que for. Robert Mugabe simplesmente esmagou novamente a oposição democrática do Zimbábue. Ele está no comando há 25 anos, e você ajudou a colocá-lo lá. Há uma epidemia de fome no continente e grande miséria nas cidades, mas depois, novamente, você acabaria tendo uma certa queda por ditadores africanos como Omar Bongo no Gabão – ou pelo menos por seu dinheiro.
As más notícias dessa carta são sobre dinheiro. Mas, porra, tem um monte de vagabundos por aí que eu poderia abordar como assunto.
Primeiro, você teria 60 anos agora se tivesse sobrevivido ao câncer de pulmão e cérebro. Bob, acho que você odiaria ser sexagenário. Nada de maconha pra você, não com seus pulmões. Nada de dreadlocks – eles cairiam. Provavelmente você ficaria aflito por seus 200 filhos e suas estarrecidas mamães. Você teria se aposentado em Los Angeles como Stevie Wonder, talvez com um Nobel na manta, e todo mundo diria que você é um gênio musical. Alguns escandalosos como Al Sharpton e Sean Combs implorariam para tirar uma foto contigo.
E aí viria sua esposa. Talvez você tenha ouvido falar dela. Depois que você se foi, ela forjou sua assinatura em uma falcatrua e, tempos depois, admitiu isso na Corte durante os intermináveis processos sobre o seu dinheiro. Ela disse que os advogados a forçaram a fazer isso, mas foi pega mentindo e foi uma grande desgraça.
Mas sua esposa eventualmente manteve o controle do seu legado e, desde então, tem sido um coágulo de sangue depois do outro. Você não acreditaria quando descobrisse o que eles fizeram com a sua música. Você entraria em náuseas se ouvisse falar de alguns dos remixes e os chamados ‘duetos’ que sua família e alguns outros lançaram nesses anos.
No ano passado sua esposa publicou, sem a ajuda de ninguém, um livro de memórias em que clama que você a estuprou. (Eu disse que tinha más notícias.)
Depois, muitos jamaicanos do subúrbio contestaram o argumento de colocá-lo no panteão de heróis nacionais como Marcus Garvey e Paul Bogle, sua esposa anunciou que iria transportar seu corpo para a Etiópia, local onde, segundo ela, você sempre quis permanecer.
(Deve ser por isso que você morreu em Miami, tentando desesperadamente retornar à Jamaica para dar seu último suspiro.)
A outra metade dos jamaicanos imediatamente caiu no desânimo. Oficiais públicos fizeram declarações tranquilizadoras de que jamais deixariam isso acontecer. (Você não acreditaria nisso Bob, mas PJ [Patterson] e Eddie[Edward Seaga] continuam comandando o show aqui embaixo.)
Por outro lado, as coisas não estão totalmente desoladoras. É verdade que os americanos estão ocupando a Babilônia como eu afirmei. Só Jah sabe o que você faria. Mas se você soubesse como e onde olhar, há pequenos fragmentos de luzes na terra dos Marley.
Uma boa maneira de conectar-se a você, 25 anos depois que você partiu de Miami, é certamente através de sua música. Tenho escutado bastante o disco extra Live at Leeds, da reedição de luxo da obra-prima do The Wailers, Burnin’, de 1973. O show, de novembro daquele ano, é o mais próximo possível de recapturar aquela sonoridade que escutei quando o vi pela primeira vez junto com sua grande banda no Jazz Workshop, em Boston, meses depois. A diferença é que, em Leeds, Bunny Wailer abandonou a turnê e retornou à Jamaica. As harmonias mais altas daquela noite foram alcançadas por Wire, seu tecladista interplanetário.
(Falando nisso, Bob: depois que você morreu algumas pessoas, pesquisando a todo o tempo, afirmaram que Wire-Earl Lindo escreveu “Redemption Song”. Como sempre, a verdade está além do túmulo.)
Quando vi sua banda pela primeira vez, algumas semanas antes, Joe Higgs estava cantando em notas altas e fazendo um bom trabalho. Mas esse show em Leeds foi muito especial, uma espécie de viagem no tempo em que você e Peter Tosh protagonizavam a banda mais quente do mundo, tocando em clubes e colégios onde o público estava em um mesmo nível que seu rosto radiante. É ótimo ouvir as músicas antigas, e então os extras arrebatam: “Stir it Up” / “Put it On” / “Lively Up Yourself.” Naquele momento, o The Wailers estava cozinhando e você era uma mistura em devaneios em dispersão e pregação.
“Ouvi uma voz, chorando no deserto… venha cá criança, venha cá… Ouvi a voz de um Rastaman dizendo; voe para casa criança, voe para casa.”
Tem mais uma coisa que gostaria de mencionar enquanto falo sobre suas antigas gravações. Algumas fitas extraordinárias surgiram recentemente da França, lançando uma luz brilhante em sua imaginação criativa e produtiva. Essas fitas contêm 20 versões demo e alternativas de canções que você editou em Londres, em 1977, para os álbuns Exodus e Kaya. Você estava perdidamente apaixonado em um romance com a bela rainha Cindy Breakspeare, e as primeiras versões que apareciam nessas fitas eram de canções como “My Woman is Gone” e “Turn Your Lights Down Low” queimando em uma longa e sensual paixão que se suavizaram graças ao lançamento tardio. “Oh criança, se você me visse chorando/minha mulher se foi”. De todos os bootlegs das fitas de Marley que foram surgindo, essas emocionantemente ricas e experimentais sessões eram as mais tocantes e reveladoras canções que tenho ouvido você compor.
Bob, acho que a pior notícia que tenho que te dar nesta carta é sobre o que a sua família tem feito com seu legado.
Foi noticiado que seu patrimônio de riqueza é estimado em 100 milhões de dólares. Um álbum que você nunca viu, chamado Legend, é um dos discos mais vendáveis da história. Você é uma camiseta, um quadrinho, uma linha de calçados, tema de um parque, um palco musical e, mais tarde, talvez estrela de um grande filme. Tenho certeza que 100 milhões soa como um grande exagero, mas provavelmente reflete uma margem bem acima da riqueza estipulada do que você deixou pra trás.
Bob, eu odeio ser o cara que tem que dizer que sua família vem alastrando isso. Desculpe ser a pessoa que vem avisar que sua esposa está construindo um Resort Bob Marley não na prolífica e violenta Jamaica, mas na plácida Bahamas, que é quase um lugar da realeza.
Hey Bob! Onde está o Hospital dos Pobres Bob Marley que deveria estar operando em Spanish Town? Onde está o orfanato Bob Marley que deveria ser motivo de orgulho em St. Ann’s Bay? E a Casa dos Velhos de Bob Marley em Negril, ou o Instituto de Caridade de Crianças Carentes Bob Marley em Sligoville e Port Antonio? [Todas as localidades citadas ficam na Jamaica.]
Essas instituições inventadas não existem porque sua família tem outras prioridades, que mais parecem ser dela mesma. Essa de sua esposa usar seu legado para construir um resort turista vai além da desgraça. Tenho certeza que, se você estivesse vivo, ela estaria fora de cena, e você poderia usar sua imensa fortuna do jeito que você fazia quando estava entre nós: como um rio de recursos para ajudar aqueles que dependem de você, que naquela época já eram milhares, e hoje totalizariam em muito mais.
É difícil acreditar que você, Bob Marley, alguma vez tenha estuprado sua esposa. Mas é evidente, para mim, que ela deva acreditar nisso, porque agora ela é quem está te estuprando.
Para concluir esta carta, querido Bob, peço desculpas novamente por ser portador de más notícias, e dizer, com todo o meu coração, que você continua sendo uma grande perda, agora mais do que nunca. Mas se você estivesse conosco hoje, e tivesse clara visão dos acontecimentos, você estaria louco com o inferno que está, e que não é, sendo feito com o seu nome.
ONE LOVE”
- Stephen Davis
Por Tiago Ferreira da Silva

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